Tia Nelson de Oliveira organizou duas antologias da Geração 90. Faz tempo. Mas, sobre elas, os caras ainda conversam as mesmas coisas, balelas. Por meio das antologias que Tia Nelson fez, muita gente conheceu, pela primeira vez, o trabalho de Altair Martins, de Amílcar Bettega, Cíntia Moscovich, entre outros. Tia Nelson de Oliveira já publicou vários livros, romances. É um cara sério. A Tia Nelson merece respeito. Essas antologias, até hoje, são estudadas em várias universidades do país e do exterior. Tia Nelson já está preparando a antologia “Zero Zero”. Tia Nelson não para. Tia Nelson é gente boa, pô.
Tia Joca Reiners Terron foi quem criou a editora Ciência do Acidente. Publicou Glauco Mattoso, Valêncio Xavier, Manoel Carlos Karam. Tia Joca escreve artigos na Folha, divulga, como ninguém, a obra de latinoamericanos. Escreveu contos, romances, poesias. Hoje mesmo, tem lançamento, na Livraria da Vila da Fradique, da série Má Companhia, saída pela Companhia das Letras, em que várias obras esgotadas serão relançadas. Foi sugestão da Tia Joca. Logo mais à noite, autografam outras duas queridas tias: Reinaldo Moraes e Marçal Aquino.
A Tia Marçal, por sinal, já tem anos na estrada. Romances, contos, filmes. Tia Marçal trabalha pra caralho! Sem contar que foi quem primeiro falou sobre novos escritores como Daniel Galera. Tia Marçal ressuscita também autores como Maura Lopes Cançado, Vander Pirolli. Tia Marçal é superrespeitado aqui e lá fora. Não cola mais essa história de dizer que Tia Marçal é cria do Rubem Fonseca. Quanta ignorância, quanta besteira!
Digo de quando outras tias se reúnem, numa conversa, para falar mal da literatura contemporânea brasileira, dizer que nada de novo acontece. Tias velhas, essas sim, que batem na mesma tecla. Exageram na crítica – e não na autocrítica – elas. Dizem que somos um grupinho que só vive rasgando elogios mútuos, que formamos uma espécie de quadrilha, de gangue de madrinhas. O que fazem, então, sentadas no IMS? Foi no caderno Ilustríssima, da Folha, que li, atrasado, nota sobre este encontro. Aliás, o caderno Ilustríssima, a revista Serrote, a revista Piauí são a mesma coisa – têm o mesmo elenco de amigos – ou é caduquice desta tia que vos fala?
Esta tia que vos fala, Tia Marcelino Freire, perdão, é muito exagerada, precipitada, vai ver não foi nada disto que conversaram as tias Beatriz Rezende, Alcir Pécora, Paulo Roberto Pires. Tia Marcelino está ficando aluada, porque corre muito para viver de literatura, coordena oficinas, participa do coletivo Edith, organiza, sem dinheiro, há seis anos, em São Paulo, a Balada. Tia Marcelino não conta. Ela fala muito. Está sempre viajando. Interessada, por exemplo, na verdadeira revolução literária que está acontecendo na periferia paulistana, como o Sarau da Cooperifa, coordenado, faz uma década, pela Tia Sérgio Vaz – e que as tias, encasteladas, com certeza, nunca ouviram falar.
Enfim, sobrinhos e sobrinhas. Para acompanhar vocês mesmos a conversa que rolou, acessem aqui. E, se quiserem, apareçam hoje à noite nos lançamentos que, depois da Livraria da Vila, acontecerão na Mercearia São Pedro. Onde as tias amigas que eu citei acima – e outras tias da literatura brasileira – sempre se encontram para uma birita. Para tornar a vida literária menos chata, menos careta. E, sobretudo, mais divertida.