Eu quero uma buceta. Eu quero uma buceta só para mim. Minha estância. Meu quartel. Minha pátria. Meu bordel. Uma buceta só para mim. Eu quero.
Flor do meu jardim. Para o meu amor beijar. Ensolarar. Abrir. Levar a pétala. Embora. Eu quero agora. Já. Tenho pressa. Minha festa.
Neste Carnaval. Eu preciso. Para sair à rua. Enfeitar de brilho. Este samba. Eu tenho esperança. Eu vou conseguir. Uma buceta só para mim.
Desejo. Meu tesão. Minha fantasia. Vejo-me no futuro. Desde criança avisto. O nascimento do mundo. Explosão. Uma estrela abaixo do umbigo. Qualquer sentido. O fim e o princípio.
Eu quero. À boca do inferno. Não ousarei roubar. Para conquistar este sonho. Eu tenho direito. Do fundo do meu peito. Grito. A quem possa ouvir.
Uma buceta. Urgente. Para eu crescer com ela. Tocar. Morrer. Viver de prazer. E em paz. Meu rapaz. Uma buceta. Única. Só minha. Sem igual. Este coração. Batendo. Batendo. Batendo. Só para você. Sim.
Em lugar do meu pau.
[ Este texto acima eu fiz por encomenda.
Mais uma vez. Quem me pediu foi o amigo
baiano Alfredo Dorea. Foi a pedido dele
que fiz idem o “Para Iemanjá” que abre o livro
“Rasif”. Alfredo sempre me provoca e eu faço.
Desta vez, ele me contou a história de um menino,
na Bahia. O menino, novo, queria ser menina.
Virar mulher. E implorava, inocentemente,
por uma buceta ao Alfredo. Uma menina presa
no corpo dele. Essas coisas… Daí Alfredo me deu
a primeira frase. O mote. E eu fiz este texto acima,
repito. Com o qual Alfredo irá abrir um seminário
sobre diversidade sexual, etc. e tal. Abaixo, eis
o momento em que entreguei este “Mulher”
ao Alfredo, ao vivo. Valeu, queridamigo.
Meu grande irmão. E viva e ave e abração ]