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Archive for agosto \30\+00:00 2012

O CORPO DO TEXTO

Andei contando nos dedos. As partes do corpo que mais aparecem na literatura. Assim: para onde vão habitar muitos de nossos lugares-comuns. A saber: primeiro o peito. Meu Cristo! Onde sempre bate um coração acelerado. E haja dor no peito. Aperto e solidão. A cabeça então. É campeã. Os pensamentos vão direto para dentro dela. Um turbilhão. Sem contar a mente. Constantemente solicitada. Ali é que tudo vem e passa. Quanta falta de imaginação! A mão idem é muito procurada. As duas. Toda vez, lado a lado. Tocando, deslizando pelos cabelos. Acenando. A perder de vista. Os olhos igualmente. Sempre arregalados. Abrindo e fechando. A boca é outra. A toda hora sai beijando, suavemente. Solta um sorriso pelos cantos. Deus me proteja. Nada contra. Sei que estamos escrevendo sobre pessoas. É é comum que a gente recorra. Na prosa e na poesia. À nossa humana anatomia. Sim, o corpo faz parte desta arte. Só cuidado com o uso de clichês. Toda vez em que você quiser transcrever. E usar. Repito: o peito, a cabeça. As mãos, a boca. As coxas, o umbigo. É bom lembrar de que também somos feitos. De virilhas, bofes. Axilas e tornozelos. É de arrepiar, por exemplo. Esse sopro no meu períneo. Meu bem. Esse toque no meu pentelho. Fui. Sem ir. A todos. Abraços. E mil cheiros.

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90 ANOS DE JORGE

No ano em que são feitas merecidas homenagens aos 100 anos, por exemplo, de Nelson Rodrigues. E aos 100 anos de outro Jorge, o Amado, a Balada Literária 2012 fará uma reverência ao paulista Jorge Andrade (foto).

Se vivo, ele estaria fazendo 90 anos este ano. Dramaturgo de quem eu sou fã faz tempo, escreveu, entre outros clássicos, as peças Vereda da Salvação, Rasto Atrás e Os Ossos do Barão.

Aguardem novidades sobre esta homenagem e sobre a programação da sétima edição da Balada Literária, que acontecerá de 28 de novembro a 2 de dezembro.

Eta danado! Vou dando as notícias aqui e aos poucos.

E aquelabraço.

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EU E OS BEATLES

Gostei quando o amigo Henrique Rodrigues, lá do Rio, me fez o convite.

Escrever um conto a partir de uma das músicas dos Beatles.

Nunca pensei sobre isto: os Beatles.

Minha adolescência foi deveras sertaneja.

Artistinha pobre, da província do frevo, xote, ciranda, forró e maracatu.

Mas sabia deles, sim: aqui e ali, um submarino amarelo, um cabelo liso à testa.

Sobretudo, eu curtia muito (e curto ainda) a canção “Eleanor Rigby”.

Foi ela que escolhi como pano de fundo da minha narrativa, em que misturei: um Paul centenário, um sobrinho gay, uma tia do interior, velha e tatuada – ela, sim, fã doente da moçada de Liverpool.

Para conferir esse meu conto inédito e o conto de mais 19 autores, é só ir atrás da antologia O Livro Branco, publicada pela Record e organizada pelo Henrique.

A edição ficou beautiful e é uma bela dica de presente, assim, literomusical, antes do Natal, etc. e tal.

Na segunda agora haverá lançamento no Rio, na Livraria da Travessa de Ipanema. Na quarta que vem, o lançamento será na Livraria Cultura da Paulista, em São Paulo.

E vamos que vamos. E bom final de semana e aquelabraço.

Não direto de Londres, mas de Londrina.

Eta danado!

Fui, sem ir.

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PREPARANDO A LAVOURA

E a corrida se intensifica. Sempre no segundo semestre. Reuniões sem fim para preparar a homenagem ao grande mestre.

Explico: a sétima edição da Balada Literária já está a caminho.

A festa, que acontecerá de 28 de novembro a 2 de dezembro, homenageará o escritor paulista Raduan Nassar (foto).

No Recife, neste sábado agora, 21 horas, estaremos eu, Paulo Scott e Flu fazendo uma espécie de Pré-Balada lá no Teatro Apolo, onde aproveitarei para anunciar alguns dos artistas já confirmados para Balada Literária 2012.

Prometo que eu digo tudo aqui no blog, é claro. E, em breve, idem no Face da Balada, que voltará a toda até o final deste mês.

E vamos que vamos.

Na luta, mais uma vez.

Aproveito para avisar que amanhã, sexta-feira, estarei em Londrina, participando do Londrix.

Beleza pura!

E vamos que vamos e viva a literatura!

Fui.

Mas volto já.

Salve, salve, amém e saravá!

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PARA MINHA SURPRESA

Eta danado!

Como vejo escrita a expressão “para minha surpresa” nos textos que me chegam. Nos livros publicados. Nos romances e contos espalhados pelas livrarias da cidade.

Ave nossa!

Algo como: “para minha surpresa, o homem entrou armado em meu carro”. Ou: “um elefante cruzou a Avenida Paulista logo cedo”. Que medo!

Claro que tudo é de supetão. Nesta vida. Não? Quem diria? O fato de estarmos vivos. E respirando. Todo dia. Em cada esquina uma novidade.

Um assalto.

Um boné.

Um pente.

Um cadáver.

Meu amigo escritor. Por favor. Deixemos que as coisas cheguem. Naturalmente. De repente. Do nada. Até nós. E até o juízo do leitor.

Para minha – e nossa surpresa.

Seja o que diabo for.

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A GREVE DOS POETAS

Poetas em greve, sim.
Agora e já!

Por que não?

Não entraram os bancários?
Os ferroviários?
Os servidores do Estado?

É legítima nossa reivindicação.

Não viu, no Brasil?

Todo trabalhador
de braço cruzado.

Investigador e escrivão.
Coveiros sem enterros.
Policiais no Maranhão.

Poetas, avante, à luta,
é hora de união.

De coração parado,
em silêncio,
tomemos a multidão.

Mostremos que somos
uma categoria.

A cidade sem palavras,
nada de saraus na periferia.

A população pedirá
urgentemente
a nossa volta ao trabalho.

Tenho certeza,
bem sei.

Quem quer ver a poesia assim,
para sempre,
morta de uma vez?

[ Em tempo: está acontecendo desde ontem
e vai até quinta, na Casa das Rosas e no
Centro Cultural São Paulo, o I Seminário
de Ação Poética. Participe. Recado dado.
E lá em cima deste pôste, é bom que se diga,
a ilustração é do clássico poema “Greve”,
de Augusto de Campos. E valeu e vamos
que vamos. Fui, sem ir. E té ]

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ESCREVER É HOJE

Os papéis amarelados. Cheios de traça. Ela vem com cuidado. Trazer para mim. Em uma pasta. “Escrevi esses poemas aos quinze anos. E gostaria de saber o que você acha”. Assim: se valem publicação. É muito comum este garimpo. No passado. Lá onde um dia ficou guardada a vocação. É que a vida disse não. Casou. Criou filhos. E netos. E a literatura teve de esperar. “Quem sabe chegou finalmente a minha hora”. Hein? Cuidado! Quem tem de fazer seus livros é você. Agora. Neste exato instante. No tempo presente. Aviso. Não pense que seja o inverso. Os textos lá. Envelhecidos. Ficaram para trás. Definitivamente. Pode ser que um verso. Aqui. E acolá. Um poema de lá da pasta antiga ainda valha. Mas você é quem tem de responder. Com o olhar de hoje. Entende? Sua vida assim. Mais do que urgentemente. Reescrever.

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NOSSA AMADA

Hoje, Amado faz 100 anos.

Mas domingo, na Casa das Rosas, comemoraremos os 50 anos de poesia da amada aí da foto.

A paulista Eunice Arruda. Ela, da mesma grandeza de outros poetas de sua geração, como Roberto Piva, Orides Fontela, Hilda Hilst.

Eta danado!

É preciso conhecer – e reconhecer – o trabalho dessa mulher. Uma vida toda dedicada ao ofício da escrita. Inclusive, foi Eunice uma das pioneiras na criação de oficinas literárias no país.

Enfim.

Domingo, repito, estarei lá para homenageá-la. Ela que autografará, no dia, a sua Poesia Reunida, publicada pela Editora Pantemporâneo.

Apareça. Repito: a partir das 15 horas, estarão na Casa das Rosas, entre outros, Álvaro Alves de Faria, Celso de Alencar, Alzira E, Lucina, Peri Pane e o filho de Eunice, o poeta arrudA.

E vamos que vamos.

Com muita poesia. Sempre e valeu e viva!

Fui, sem ir.

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SEM CHAVELA

Hoje meu coração parou de bater. Eu penso. Minha alma esvaziou. Um osso só de pensamento. Nada. Nem o sofrimento é sofrimento. Eu não sei o que é sofrer.

Hoje eu me perdi. Fiz um silêncio tão pequeno. Diante do silêncio que se fez no mundo. Em algum canto a Terra parou de girar. O mar secou. Nem para lá. Nem para cá.

Quando morre uma artista assim. Como a cantora Chavela Vargas (foto). A vida vira um buraco. Maior do que já é. Um caco de esperança. Sei lá. Não há dor que possa nos curar.

Sem Chavela Vargas. Perdi a coragem de me matar. Sozinho. Agora. Terei de aguentar. A vida sem ela.

Nossa solidão eterna.

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