Aí o Jornal do Commercio, do Recife, no ano passado, creio, me perguntou sobre a Balada: “o que significa fazer uma festa literária não com ‘um milhão’ de reais, mas com ‘humilhação’, como você costuma brincar?”. Aí eu respondi, sem pestanejar, na lata: “significa que eu não tenho nenhum irmão governador”. E ri. Para não chorar. Não é de hoje, não é de ontem que digo, em entrevistas, sobre a Festa sem limites que é a Fliporto. Para poucos. Nunca gostei do que me contavam. Dos altos jantares regados a uísque e lagosta e dinheiro farto. Vale ressaltar: eu nunca estive na Fliporto. Já fui convidado umas duas vezes. Mas recusava. Mesmo sabendo do talento e da seriedade dos curadores. Algo, sei lá, não me batia no peito. Recentemente, participei da bela revista feita por eles. Apresentando lá o chileno Pedro Lemebel. Porque, repito, admiro o trabalho do editor da publicação, o queridão Schneider Carpeggiane. Enfim, assado. Mas à Festa nunca fui. E nunca irei. Publicamente, em diversas entrevistas, ao vivo e por escrito, sempre falei sobre isto. E todo mundo sabia muito bem o que eu dizia. O irmão do governador foi quem sempre tocou o evento. Lembro-me quando, em uma das primeiras edições, convidaram o José Sarney para uma homenagem. Ave nossa! Soltei o verbo. Sem demora. Para quem não sabe o que rola, o mesmo Jornal do Commercio disse em nota na semana passada: “o patrocínio da Empetur, no valor de R$ 3,5 milhões, foi devolvido. Marcada para ocorrer de 14 a 17 de novembro, em Olinda, a Fliporto devolveu os recursos depois que foi apontado o alto montante em relação a outros eventos e o parentesco entre o organizador do festival literário, Antonio Campos, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que são irmãos, por uma matéria da Folha de S. Paulo“. Parece piada. É isso o que eu não entendo. Precisou sair na Folha para que todo mundo finalmente ficasse sabendo o óbvio? Meu Cristo! Faça-me o favor. Longe de ser eu, aqui, um cagador de regras. O dono da verdade. Um dedo indicador. Mas paciência tem limite. Vixe! Enquanto isto, deixa eu ir tocando a vida. Com a mesma teimosia. O resto sai na purpurina. Meu amor.
MARCELINO FREIRE
Desenhos gentilmente cedidos por Gabriel Bá.
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