*
a quem para o brasil
me pediu
um poeminha
sobre o golpe
não serve
um serrote?
uma bala?
o sangue na praça?
hoje aqui só
palavra de desordem
fogo de favela vingada
a cabeça de um índio
a fúria do mais antigo
assassino
o pau a língua a unha
o bote
a lava de um vulcão
que escorre
latindo latino
o ódio canino
de um justiceiro a praga
de um cangaceiro
a pomba branca
quando gira
a resistência de
antônio conselheiro
só o que tenho
este espinho no peito
este corpo de poeta
franzino
pronto para a guerra
cobra morta
já e agora pelas mãos
de um passarinho
*