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Archive for junho \30\+00:00 2020

QUARANTENADO

A convite da revista da Ria Livraria, editada pelos queridos Morgana Kretzmann, Ian Uviedo e Jarbas Galhardo, publiquei por lá 50 anotações sobre o “amor” (tema desta terceira edição da revista). Eta danado! São anotações que faço em meus caderninhos. Das 50, acompanhem aqui cinco. Para ler as outras e, inclusive, saber de outros textos e de outras autorias, cliquem aqui em cima e salve e salve e maravilha!

*

[1]

Asilo é o hospício do amor.

*

[2]

No coração da árvore
deu cupim.

*

[3]

O amor não tem preço.
É o preço que se paga.

*

[4]

Pedi que ele desse um tempo.
Nem isso ele deu.

*

[5]

Um mendigo entende mais de amor
do que de fome.

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ESCREVER É OSSO

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HOMENAGEM A GUZIK

*

Hoje, 26 de junho de 2020, são dez anos da morte do nosso querido Alberto Guzik.

Na minha live Na Hora do Almoço, fiz uma edição especial em homenagem a este escritor, ator, diretor.

Muitos amigos e amigas participaram de um papo emocionado. Relembrando a sua trajetória como crítico teatral e a volta aos palcos depois de 40 anos afastado.

A foto aí em cima é um registro raro de Alberto Guzik em uma das primeiras edições da Balada Literária (foto feita pela querida Ivana Arruda Leite). O ano é o de 2008 e a homenageada era a Tatiana Belinky, escritora que foi uma das primeiras incentivadoras da carreira desse grande mestre e amigo.

Para que a homenagem continue por aqui, peço que vocês acessem neste linque o relato de Sergio Zlotnic (o sobrinho de Guzik, que também esteve hoje com a gente via live), um lindo tributo escrito no ano de 2010 e que volta agora com ainda mais força.

Escreverei um artigo sobre Guzik nos próximos dias. E um outro artigo sobre Suzana Amaral que nos deixou ontem. Fiquem de olho.

Sobre a live especial, vocês encontram os dois blocos de conversa lá arquivados no meu Instagram.

E, antes de ir embora, lembrem-se de que amanhã, 17 horas, estreia o programa VêSó no Facebook do b_arco.

Espero por vocês e bom final de semana e cuidem-se e beijabraços.

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PARA PENSAR ANDANDO

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A LINGUAGEM DOS SINAIS

Hoje, na live com a poeta Tatiana Nascimento, ela falou da obsessão pelo uso do “y” (a conversa está arquivada no meu Instagram).

Exemplo: “planar é pouso / no meio do ar / y quem tá / com fôlego curto / precisa coragem de / mergulhar”.

O “y” substitui a letra “i”, sempre, para ligar a escrita de Tatiana aos hermanos latinos.

Eu aí disse para ela que via o uso do “y” como forquilha, dois ganchos abertos para o alto, uma antena na atmosfera.

Eta danado!

Citei o poeta Roberto Piva, que era obcecado pelo uso do “&”. Este sinal comercial em uma poesia, construída em São Paulo, que se queria xamânica.

A saber: “fazer da anarquia / um método & modo de vida”. Ou aqui: “Tarubá & você nunca / foi a Paramaribo”.

Penso em Osman Lins nos usos de flechas, hieróglifos, quadrados e triângulos e sinais de mais (+) antes da abertura de vários de seus parágrafos. Em uma espécie de uma comunicação filosófica e matemática com outros povos.

Será?

Isso me faz lembrar o escritor Qorpo Santo que troca, em toda sua obra, a letra “C” pela letra “Q”.

Ele que era também artista gráfico e tipógrafo lá pelos anos de 1800 e carambola.

Escrever é desenhar na página. Faz tempo que falo. E até, mais do que escrever, “inscrever”, “instaurar”, “fundar”, “fincar” no papel.

Nayara Fernandes, poeta piauiense, em seu livro Asas de Pedra, é exemplo de uma assinatura que se faz entres parênteses, chaves e colchetes: “enamore [tuas] sombras / sob a escuridão escrava / faça amor com [tua] alma”. Um verso que parece não voar o tempo inteiro: “vivo a felicidade fênix / [(re)feita] da dor do sangue / da cinza [(in)feliz]”.

O assunto é longo.

Quero ainda falar do uso de dois pontos (:) no título do livro Grande Sertão: Veredas, por exemplo.

Ou quando António Lobo Antunes abre mão do uso do ponto final e deixa sempre o parágrafo aéreo, flutuando, aberto para a próxima frase.

Considerações y questões que fi(n)cam para + tarde.

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APLAUSOS

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É uma aula de teatro.

Não, é uma aula de literatura.

Não, é uma lição de poesia.

É tudo isso e ainda mais. Durante a conversa que tive hoje, no Instagram, na minha live Na Hora do Almoço.

O convidado foi o ator e diretor Elias Andreato.

Falamos de sua trajetória, do encontro dele com Maria Bethânia, com Paulo Autran, com tantos atores e atrizes – alguns deles nos assistindo ao vivo.

E digo: quem faz arte no Brasil é preciso aprender e apreender com este grande artista.

Ele que, no momento, está fazendo um espetáculo on-line interpretando os poemas de Fernando Pessoa e seus heterônimos (imagem acima).

No sábado que vem Elias irá fazer, às 20 horas, uma nova sessão do espetáculo via linque do Teatro Vivo. Saibam mais clicando aqui em cima.

No sábado, depois da primeira edição do VêSó, a gente corre para abraçar o Elias.

E ATENÇÃO: a conversa ficou arquivada no meu Instagram. Corram para assistir. E rever, inclusive.

Uma história de vida e de entrega artística que muito nos inspira.

Fica o recado.

Amanhã, quinta, no mesma hora, meio-dia em ponto, recebo uma escritora, poeta, mestra, editora e agitadora cultural lá de Brasília.

Venham saber quem é.

Pouco a pouco a gente chega, juntos e juntas, aonde o nosso coração deseja e quer.

Reexistiremos. Gratidão, mestre Elis Andreato, aquelabração e cuidem-se e até.

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QUARANTENADO

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Carlinhos Antunes é um grande músico. Um grande instrumentista. Um grande maestro. Um grande amigo. Caso não conheçam o trabalho dele, é só ir ao linque aqui e vejam o que ele faz, por exemplo, à frente da Orquestra Mundana Refugi. Pois bem. Carlinhos e Gabriel Levy me convidaram para participar de uma live (imagem acima) feita para apoiar a arte e seus criadores. Carlinhos me pediu um texto. Em vez de pegar algo que eu já tivesse escrito, me inspirei, a partir de uma música que ele me mandou, a escrever o poema que segue abaixo. A live vai ao ar às 21 horas desta quinta, dia 25 de junho, via página no YouTube do Estudio 185. Eu aparecerei em vídeo interpretando o que escrevi. Eta danado. Valeu e todos juntos e juntas dentro dessa mesma emoção e fui e aquelabraço.

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PARA DENTRO
[Texto inédito de Marcelino Freire]


mas a música não sempre foi
para dentro o pianista dobrado
a costela entre as teclas os ossos
dos dedos puxando as alavancas
e a percussão que vem de antes
da música existir o silêncio
que fazemos para ouvir o tempo

qual é o vosso espanto?

mas a dança não sempre foi
para dentro o bailarino arqueado
puxando pelos braços pondo
a ponta do pé para afundar
nos abismos um cego que abre
as frestas aéreas do pensamento

qual é o vosso espanto?

mas a poesia não sempre foi
para dentro o poeta o próprio
mistério entre as palavras um
viajante um camelo sem medo
buscando distante a fonte da água
na memória do esquecimento

qual é o vosso espanto?

mas o teatro não sempre foi
para dentro o ator a atriz
debaixo da luz na sub-sombra
alcança o olho de quem vê
a cena passe a perceber o seu
destino em equilíbrio suspenso

qual é o vosso espanto?

o som a dança o verso o drama o palco
o abraço que recebemos de todos
os artistas pela vida afora na hora
da morte no instante mais violento
o amor que acontece quando tudo para
por dentro a própria alma em movimento

*   

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PARA PENSAR ANDANDO

TUDO O MAIS É POESIA

A concisão.

As frases curtinhas.

Não é fácil.

Aí dizem que é coisa de escritor preguiçoso. Linha, assim, uma linhazinha. Microconto ou filosofia de caminhão.

Eu não.

Sempre falo: “diga logo o que você quer e vá embora”.

Feito os grandes poetas, mesmo quando escrevem haicais.

Millôr Fernandes, aliás, escreveu vários.

E até uma bíblia ele escreveu, toda tomada de mínimas máximas.

A própria bíblia não é feita de versículos?

Eis algumas anotaçãozinhas do Millôr: “Baco é um deus inventado pelos bêbados”, “Pedestre é o sujeito que atravessa a rua pela última vez”, “O pior do rabo é ter que acompanhar o elefante o tempo inteiro”.

Coisa de publicitário, dirão.

Paulo Leminski foi publicitário. Décio Pignatari também. Dois publicitários que foram além.

Jornalistas também são muitos os casos. Acostumados com o tamanho das colunas. Finitas para tantos assuntos infinitos.

Destaco, nessa linhagem, Dirceu Ferreira, mineiro de Araxá e, por sinal, primo do escritor Evandro Affonso Ferreira, autor do enxuto Grogotó. Ambos da família dos microformatos.

Escreveu Dirceu: “O homem não veio do macaco. Vem vindo”.

A história da humanidade (desumanidade) toda em um pensamento só.

Um lapso. Uma pedra de escândalo. Um vexame.

Escrever desse jeito é cuspir veneno na cara do leitor e voltar para o buraquinho de onde veio.

A palavra que vale mais pelo que não está escrito.

Revisito La Rochefoucauld: “É uma grande habilidade esconder a própria habilidade”.

Adília Lopes nos diz: “Podia ser muito feliz se não fosse muito infeliz”.

Eta danado!

Adoro esses versos rápidos.

No recém-lançado livro Feira Orgânica, de Felipe Futada, ele reúne ensaios, poemas, crônicas e um “diário de obsessões”.

Diário de toda uma vida, creio. Pura poesia. A saber: “o romance ganha por pontos; o conto por nocaute; a crônica pela esquiva e a poesia é uma luta perdida”.

Pois é.

Escrever é perder.

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ENSAIOS DE IMPROVISO

A IDADE DA ESTREIA

Adélia Prado, 40. Amara Moira, 31. Ana Cristina Cesar, 27. Augusto dos Anjos, 28. Caio Fernando Abreu, 22. Carolina Maria de Jesus, 46. Carlos Drummond de Andrade, 28. Castro Alves, 23. Cecília Meireles, 18. Conceição Evaristo, 44. Cora Coralina, 75. Clarice Lispector, 24. Daniel Munduruku, 37. Eliane Potiguara, 39. Ernesto Dabó, 62. Fernando Pessoa, 46. Ferréz, 22. Gabriel García Márquez, 28. Geni Guimarães, 32. Graciliano Ramos, 41. Hilda Hilst, 20. João Cabral de Melo Neto, 22. João Silvério Trevisan, 32. Jorge Amado, 19. José Saramago, 25. Juan Rulfo, 36. Julio Cortázar, 24. Lima Barreto, 28. Lygia Fagundes Telles, 15. Machado de Assis, 25. Manoel de Barros, 21. Manuel Bandeira, 31. Marçal Aquino, 27. Márcia Vinci, 84. Miguel de Cervantes, 38. Nelson de Oliveira, 29. Nelson Maca, 52. Noémia de Sousa, 65. Patativa do Assaré, 46. Paulo Lins, 39. Raduan Nassar, 40. Raimundo Carrero, 28. Regina Azevedo, 13. Santiago Nazarian, 26. Sérgio Vaz, 24. Yukio Mishima, 23. Eu, 28. E você, quando? Não precisa responder. A estreia não precisa ser em editora. Em livro. Pode ser on-line. Na rua. Jamais. Nunca. Apenas na garganta. Quando você abre um verso. Diz uma palavra. Lança um verbo qualquer. Nem quer saber. Toda palavra funda-se em si própria. Morre bem na hora em que acaba de nascer. Pois é. Até. Aqui só na segunda. Fiquem em casa. Fiquem bem e vamos que vamos e beijos na bunda.

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A HISTÓRIA CONTINUA

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Era o ano de 2016.

No Facebook, o ator carioca Rodrigo França me escreve.

Diz um “Oi, Marcelino”, me parabeniza pelo Contos Negreiros (publicado em 2005) e me fala que ele e o diretor Fernando Philbert querem levar o livro ao palco.

Eu respondo sim e é sempre assim. Agradeço quando um ator, uma atriz, um grupo quer dar vida a algum texto meu.

“É seu o texto, amigo ou amiga, não mais meu”, costumo dizer.

Sei como é a luta. Sei como é a entrega.

Daí, um tempo depois, volta Rodrigo, agora ao telefone.

Não seria apenas uma peça. Seria uma ocupação inteira dedicada aos meus personagens no SESC Copacabana no ano de 2017.

Explico: à época, o diretor de programação do SESC, Paulo Mattos, foi procurado por três grupos cariocas com propostas de adaptação de meus contos.

Ele, a quem eu devo (devemos muito) por isso, resolveu então fazer uma mostra inteira.

Eta danado!

As três peças, BaléRalé, Contos Negreiros do Brasil e Um Sol de Muito Tempo, estrearam com sucesso e mantiveram temporadas isoladas depois do SESC.

Contos Negreiros viajou pelo Brasil, e para o exterior, colecionou prêmios e excelentes críticas, circulou por cidades do interior, fluminenses e paulistas, ocupou desde espaços alternativos a uma histórica apresentação no Theatro Municipal de São Paulo completamente lotado.

Um espetáculo que ganhou o boca a boca e foi aumentando a plateia e a repercussão urgentemente necessária (imagem acima).

Os contos que estão na peça, todos extraídos do livro, são acompanhados por estatísticas e números apresentados por Rodrigo França que, além de ator, diretor e escritor, é filósofo e cientista social.

Números, infelizmente, que a tragédia brasileira não cansa de atualizar.

No elenco (a quem celebro), além de Rodrigo, estavam Aline Borges e Milton Filho. Depois vieram, revezando-se e às vezes todos juntos, os atores Marcelo Dias, Mery Delmont e Valéria Monã (foto abaixo).

E essa trajetória não para.

Nesta sexta, amanhã, às 21h30, via SESC ao Vivo, em virtude do distanciamento imposto pela pandemia, haverá uma versão “monólogo” com Rodrigo França (segunda foto abaixo) e a presença on-line de todo o elenco.

Como será que ficará a versão?

Certeza tenho: a contundência continuará e a mesma profunda emoção.

É gratuito. É só chegar. Esperamos por vocês.

Valeu Rodrigo, valeu Philbert, elenco e produção e equipe pelo amor, parceria e confiança.

E ao público em geral, que fez e continua fazendo a história dessa peça, a minha eterna gratidão.

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ENSAIOS DE IMPROVISO

CADÊ A EPÍGRAFE QUE ESTAVA AQUI?

Aí me falaram que hoje, aqui no seu blogue, você falará sobre epígrafe. É verdade? É que procurei e não acho nada sobre epígrafe. O título mesmo desse texto é uma pergunta. Onde estará o assunto se aqui ele não está? Sempre confundi “epígrafe” como “epitáfio”. Epígrafe só pode ser de gente morta? Você aconselha um autor mais procurado? Por exemplo, Machado. Um campeão de epígrafes. No seu Bagageiro você fala algo engraçado. Se autor cobrasse por epígrafe, muita gente deixaria de usar tanta epígrafe. Pois é. É o meu caso. São quantas, assim no geral, juntas? Uma para cada conto seria uma fortuna. Não estou achando aqui na sua página nada a esse respeito. Fala. Eu posso usar letra de rock antes de um texto? Será que é bom usar uma epígrafe em outra língua? Não sei. Não falo francês. Sabe qual o segredo para falar bem o inglês? É falar baixinho. Não sei quem contou isso para mim, uma vez. Esse conselho veio do escritor Raimundo Carrero. Já li uns livros dele. Mas está difícil mesmo. Com você eu vou ser sincero. Eu terminei um livro aí e estou esperando uma epígrafe só para fechar o original. Não sei qual. Posso inventar uma frase qualquer quando eu não achar? Você vive falando que suas epígrafes são todas inventadas. Até dedicatória você inventou. Sério? A literatura é o terreno da mentira. Você disse um dia. Daí mentiram para mim. Hoje, nesse blogue, não há nada sobre o uso da epígrafe. Procuro, procuro. Vai que eu confundi. Deixa eu confirmar aqui, dando um Google. Um instante só. Apareceu uma entrevista sua que acabou de entrar no ar. Ó. Na página de uma editora chamada Borboleta Azul. O escritor de lá se chama Marcelo da Silva Antunes. Ah, vai ver foi isso. Em vez de um artigo, você deu uma pequena entrevista. Sobre epígrafe. Que alegria. Posso colocar o linque aqui, não posso? Eis o linque para quem, feito eu, estiver perdido. Esse Marcelo Antunes está, inclusive, fazendo uma venda prévia de um novo livro. Você é tão generoso que quer que a gente vá lá pesquisar no site do rapaz. Aliás, você não gosta de ser chamado de “generoso”. Já falou sobre isto no Bagageiro. Generosidade, no momento, eu vou te dizer, eu não encontro nem no espelho. Acho que acabei de inventar uma epígrafe. Quem quiser usar, pode usar. Aprendi com você. Não é minha mesmo. Eu deixo.

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