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ENSAIOS DE IMPROVISO

17/11/2020 por MARCELINO FREIRE

A LUZ NA LITERATURA

Qual a trajetória da luz? Esclareço: como amanhece, entardece, anoitece para seus personagens? De que forma vai passando o tempo na sua história? Os minutos? Os segundos? As horas? Às vezes escrevendo paro e penso: qual sol está batendo naquele quarto? Janela? Corpo? Copo? Jarro? Espera? A noite quando chega, de que forma chega? E a chama da vela? O sol? O cigarro? A estrela? Em alguns escritores, fico só vendo: como cada um e cada uma trabalha o movimento da noite e do dia. Vem-me à vista, na memória e na prática, o romance A Paixão de Almeida Faria. O livro, que inspirou Lavoura Arcaica de Raduan Nassar, é dividido em três partes: Manhã, Tarde e Noite. Uma vez Faria me contou o tanto que ele trabalhou para que cada palavra, adjetivo, substantivo amanhecesse, entardecesse, anoitecesse frase a frase. Todos os ciclos ali, por ele sinalizados. O espaço. A densidade. As modulações do tempo. Dificilmente enxergamos, com este rigor, o dia percorrido na vida de um personagem, assim, quando o escrevemos. Mais fácil pôr, em cena, um relógio para bater. Os ponteiros para circular. Um atrás do outro. Em um tic tac sem parar. Sem sair do mesmo lugar-comum. Eta danado. Aprendo e apreendo sempre com os pintores a incidência das cores para movimentar um quadro “ilusoriamente” parado. Presto muita atenção numa espécie de técnica que chamo atmosférica. Elétrica. Com que os artistas trabalham as nuances na pintura. Onde o olhar do “observador” e do “leitor” se pluga. Onde acentua-se, aqui e acolá, uma sombra. Nas linhas mais tênues. Subterrâneas artimanhas. Dentro de uma mesma luz. Em que toda literatura, ao meu ver, também se banha.

*

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