Foi o Pablo Capilé, na entrevista ontem no programa Roda Viva (assistam clicando aqui), quem falou: somos donos de uma narrativa livre. Expliquemos: estamos ali, juntando a poeira, os cacos, lado a lado, olho a olho com a manifestação. Os outros jornalistas são bundão. De bunda na cadeira, no assento de um helicóptero, discorrem sobre política, sumiço de Amarildo, vandalismo, etc. e tal. Adorei a expressão: narrativa livre. Para pensar aqui, por exemplo, sobre o nosso meio literário. Há quem lamente o fim da revista Bravo! e tenha torcido a cara para o fechamento do Sarau do Binho. Questão de peso. E de preferência. Creio e vou além. Não instingo ninguém para militância. Mas, é bom que se diga, não só os jornalistas é que têm de apreender (sim, o verbo é “apreender”) com essa nova maneira de dar (e receber) a notícia. Os escritores idem, por favor, abram os olhos. Para fora das academias. Das grandes editoras. É preciso, sempre, fazer alguma coisa. Para a literatura não morrer. Anêmica e desmilinguida. Na ABL ou fora dela. É triste de ver. Todo mundo querendo sentar no trono. Exceto, digamos, o Capilé. A considerar: ontem na entrevista, no Roda Viva, não parava ele de rodar. Fácil observar como estava “acomodado” à cadeira. Sem se “acomodar”. Com vontade a toda hora de escapar. Avante, à praça. Bruno Torturra, amigo que conheço de longa data, fazia o mesmo. A seu modo. Comedido. E, às vezes, assustado. Como criança que ouve os mais velhos, educado. E, na prática, desobedece. Gostei de ver o embate. A provocação. Repito: tirar da mesmice todas as áreas de atuação. E esta atitude, confesso, me enche de satisfação. E de combustível. Não é de hoje que, modéstia à parte, eu toco há oito anos um evento literário. A duras batalhas. E à margem. Não é de agora, faz mais de uma década, que os saraus se multiplicaram pela periferia. E poetas ganharam os bares e as ruas. Vi muitos deles, inclusive, empunhando suas cartolinas. Enfrentando policiais muito além de suas páginas. Escritas. Todos formando, de alguma forma, um só exército de ninjas. Sem tempo a perder. Donos de narrativas ativas e livres. Dessas capazes de mudar o nosso país. Assim. Urgente. E para valer.
MARCELINO FREIRE
Desenhos gentilmente cedidos por Gabriel Bá.
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