Ela emagreceu.
Perdeu quilos mas não perdeu a força.
Falo da Tânia Rosing, aí do lado (a foto é de ontem).
Pelo que falou, ao público, o Ignácio de Loyola Brandão, Tânia está magra porque entrou em depressão, cansada, quase desanima. Vive eternamente batendo nas portas, entrando em salas de governo, passando o chapéu.
Tudo para ver erguida a lona de circo que abriga mais de cinco mil pessoas. Na Jornada Literária de Passo Fundo que Tânia criou há 30 anos.
É o maior evento literário do mundo.
É a segunda vez que eu participo. Vim em 2003. Neste ano, voltei. Hoje pela manhã falei para 5 mil adolescentes. Repito: 5 mil pessoas. Ontem, falei para outros milhares de jovens.
Jovens que depois vieram me procurar, leram meus contos, se espantaram com meus personagens. Paravam-me para perguntar sobre meus Contos Negreiros, minha relação com o teatro, etc.
É esta a diferença. Na Jornada, eles respeitam o escritor. Aqui, autora não é musa, é autora. É estudada meses antes pelo que escreveu, não pelas curvas que tem.
Os alunos sabem quem a gente é porque, meses antes, os professores trabalharam nossos textos em sala.
Uma verdadeira revolução.
Revolução que, quando um novo prefeito entra no poder, um novo governador é eleito, Tânia tem de ir lá, recontar tudo, reforçar pedidos, implorar. Para a Jornada continuar.
Pode?
Ao meu lado, pela manhã, Tânia chorava. E confessava: “hoje, termina mais uma edição. Como foi difícil! Terei forças para a próxima?”.
Se a Tânia desaba, desabamos juntos: a literatura, a esperança, o país.
Isto não há de acontecer.
Não é possível que isto aconteça.
Se este dia por acaso chegar, o mundo estará perdido, meus amigos, podem apostar.
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