*
POEMINHA SOBRE
A FALTA DE ÁGUA OU
A FALTA DE AMOR
que rio bonito e caudaloso
e a fonte é rica e os
peixes acesos e floridos
e trouxemos potes
e torneiras e mãos sujas
e patas e pés de esgoto
mijamos covardes
amarelos pela correnteza
e viemos todas e todos
com os pulsos em volta
os muros as usinas
as merdas e os parafusos
dos automóveis os pneus
as camas os sofás levamos
para descansar no leito
agora por hora
tudo é seco e tudo é
pedra e tudo é nada
o rio na curva se compara
a uma natureza morta entre
as águas do passado
feito um gemido um grito
de dor um resto de amor
para sempre afogado
*